Uma perspectiva de professor para séc. XXI

 

Após a Sessão 1, debrucei-me sobre este tema e, comparando a sistematização e organização de Perrenoud (2000) com a de Arends (2008), realizei a seguinte análise e reflexão crítica.

Sabendo que competências é um “saber em uso” (Perrenoud, 2000), porque é um processo, implica mobilidade, porque se procura ajustar os saberes a cada situação, o professor eficaz do séc. XXI deve procurar a competencialização dos alunos, futuros cidadãos. Devemos sempre procurar o “para quê?” dos objectivos/tarefas, ter consciência que o currículo e o programa são o meio para atingir o fim: desenvolvimento de competências. O melhor exemplo é o “Curriculum Framework” do sistema finlandês (140 páginas que servem de orientação para todo sistema de ensino não superior!).

Perrenoud defende dez domínios de competências prioritárias na formação contínua: fala de competências relativamente à relação professor/aluno (competências nº1, 2 e 4), à relação professor/escola/pais (nº5, 6, e 7), aos meios a utilizar (novas tecnologias - nº8), aos métodos (nº3), tendo em conta os dilemas éticos (nº9), para uma formação contínua (nº10). Note-se que não aborda as “questões pessoais” do professor. Mas aborda a “base de conhecimentos” nos pontos 1 e 8; a “reflexão e aprendizagem ao longo da vida” no ponto 2 e 10; a “justiça social” no ponto 9 e quando envolve os pais (ponto 7) e outros parceiros (ponto 6) também vai ter em conta a diferenciação individual e social; finalmente, “o repertório de práticas de ensino” são evidentes nas competências 3, 4 e 5.

Arends apresenta quatro atributos que se inter-relacionam, se encaixam entre si como peças de um puzzle, e por isso só fazem sentido todos em conjunto, ao mesmo tempo de limites não rectos, sugere que as fronteiras são flexíveis. Acrescenta que na sala de aula, o professor deve: definir objectivos, gerir o tempo, motivar (com reforço positivo e colocando expectativas elevadas) e avaliar (para atingir a qualidade). Relativamente a este tema, consulte: Reflexões a partir da sala de aula.

 

O professor do séc. XXI tem de ter em conta o contexto de mudança da sociedade em geral. O conhecimento é efémero, “muda a cada segundo”, está em mutação constante. Daí a importância das redes sociais, da utilização das novas tecnologias. A importância da actualização do saber e o questionamento permanente é imperativo. Deve estar sempre presente a questão: “O que fazer para transformar e actualizar?”

O Professor eficaz:

1)      Tem base de conhecimentos científicos que está sempre a actualizar, numa formação contínua.

2)      Deve levar alunos a ser, estar, fazer e viver em conjunto.

Numa procura do desenvolvimento pessoal, cognitivo e artístico estabelece relações com alunos e meio. Relativamente ao meio, o professor eficaz deve ter noção da nova institucionalidade da escola – “árvore que cresce em dois eixos”: vertical (na sua missão educativa) e horizontal (na articulação com outras instituições).

3)      Tem presente que aprender a ensinar é para toda a vida.

Relativamente aos alunos, o professor eficaz tem consciência que, para além de ser imprescindível a “decisão”/ volição do aluno, também sabe que o erro é pedagógico, acredita no potencial do aprendiz, adapta estratégias e práticas apoiando-se na diferenciação pedagógica, isto é dando oportunidades diferentes a quem é diferente, para atingir os mesmos fins (equidade). Como diz Roldão (2003), “(…) a diversidade deve ser tomada como referente da organização e não como desvio a uma norma”. Por outro lado, o professor deve ter sempre presente que o aprendiz de hoje será cidadão amanhã e por isso também há que, na sua função organizacional, apoiar os incentivos para o mundo do trabalho (“on the job experience”). De facto a ARTAVE é um exemplo nestes aspectos, quer no respeito pelo ritmo de cada aluno - ensino modular, quer na realização de Projectos Colectivos e Estágios de Orquestra.

 

Bibliografia:

ARENDS, R. I. (2008). Aprender a ensinar. Madrid: McGraw Hill Interamericana de Espanha, S.A.U.

CUNHA, A. C. (2008). Ser professor Bases de uma sistematização teórica. Casa do Professor

PERRENOUD, P. (2000). 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre (Brasil): Artmed

ROLDÃO, M. C. (2003). Gestão do Currículo e a Avaliação de Competências – As questões dos professores. Editorial Presença